terça-feira, 16 de março de 2010

Haiti; meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?


Ângela Cabrera
O questionamento é feito na desolação. É quando o salmista experimenta Deus longe das súplicas e dos gemidos (Sl. 21.2), quando lhe clama e o Senhor não responde, quando lhe implora e não atende. A pergunta surge no desespero, na tribulação, no momento em que seus ossos se desconjuntam, sua existência se derrama, quando o coração se lhe derrete e sua garganta seca como barro cozido. Quando sua língua se prende ao paladar, sentindo-se reduzido ao pó. Eis aqui quando constata a aparente destituição da sua condição humana, reduzindo-se a categoria de verme.
Haiti vive a escuridão entre as horas sexta e nona (Mt 27,45); com suas mãos e seus pés traspassados e grudados, engolindo a morte amarga e prematura trago a trago. Que gente é essa? Empobrecida por desgraças repetidas, alucinada, buscando comida e água. Que gente é essa? Embora no fundo da cova, e com a pele pegada aos ossos confia: Senhor, não vos afasteis de nós; ó nosso auxílio, vinde depressa, nos ajudai. (Sl 21.20)
O terremoto no Haiti foi um grito da natureza. Nunca antes esta geração sentiu a morte como sombra do corpo. Se no Salmo 21 os geradores do sofrimento são cães ou malfeitores, neste contexto seria a emissão de gases-estufa que diminui a saúde da terra. Somos todos responsáveis! Principalmente o G8: Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Japão, França, Canadá, Grã-Bretanha e Itália. Fazem tentativas para modificar a superfície terrestre, mas os interesses econômicos prevalecem.



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