sábado, 30 de agosto de 2008

Vocação Politica


Dom José Alberto Moura


A vocação é dom de Deus. Há quem parece ter nascido justamente para ser artista, profissional de certa área, padre, religioso, político... A profissão buscada apenas como ganho de dinheiro não é plenamente realizadora da pessoa. Pendor, ideal de vida e valores consoantes com o próprio desejo de se realizar como pessoa humana são importantes para o encaminhamento de vida. Qualquer profissão, buscada apenas por interesses comerciais e de destaque perante os outros, muitas vezes leva à frustração das pessoas.


Em toda a busca de realização vocacional, as dificuldades acontecem. Surge até vontade de desistência. No entanto, o ideal e os valores buscados ajudam a superar os obstáculos. Quando, por exemplo, a vocação ao serviço político é buscada realmente por ideal, nota-se na pessoa algo diferente de outras que procuram na política vantagens econômicas e de ordem puramente interesseira. O político por vocação encontra barreiras às vezes parecidas, impossíveis de superação. Tem vontade de desistir. 'Não quero mais lembrar-me disso nem falar mais em nome dele' (Jr 20, 90), parafraseando o profeta.


Há quem desista, depois de experiência de cargo político. No entanto, precisamos melhorar essa realidade da política. De fato, o desafio é grande. Os bons não podem desistir para os maus não aprofundarem sua maldade. Antes, é preciso estimularmos sempre mais pessoas de qualidade moral e de competência para administrar ou legislar a se apresentarem para assumir cargos políticos. Deste modo, poderão ajudar a máquina política a servir realmente à causa da promoção do bem comum.


Quem não tem bom caráter muitas vezes usa do poder econômico, da mídia e de outros instrumentos, de modo nem sempre ético para manipular a boa fé e até a má fé de muitos, com suborno, compra de votos e mesquinharias para ganhar a qualquer custo. A formação da consciência de responsabilidade pelo voto cidadão é que preciso seja sempre mais aprofundada. Mesmo a união dos cidadãos para a justa pressão em bem da exigência do suprimento de suas necessidades é de suma importância para a melhora do serviço à coisa pública.


São Paulo admoesta sobre o que agrada a Deus. 'Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito' (Rom 12, 2). A justiça, o serviço ao semelhante, a convivência na promoção da vida e da dignidade humana são inerentes a isso. A ordem política necessariamente passa também por essas condições.
Jesus nos dá o exemplo de verdadeiro serviço por amor, entregando sua vida por nós (Cf. Mt 16, 21-23). Indica-nos a doação de nós para ganharmos o prêmio da vida plena com Ele. As vocações são respostas ao chamado de Deus com a doação pessoal em vista do serviço ao próximo. A vocação política não pode ficar alheia a este encaminhamento. Precisamos formar uma consciência política com o grande ideal de serviço, mesmo com o desprendimento contínuo para o trabalho de promoção da pessoa humana.


Hoje muitos querem cargos políticos com o interesse precípuo ou até exclusivo de ganho de dinheiro e de vantagens pessoais, às vezes em detrimento do bem comum. E seu ganho de dinheiro público nem sempre é proporcional ao bem que prestam quantitativa e qualitativamente à sociedade. Isto não se coaduna com a justiça em relação à grande maioria do povo, que trabalha igualmente pelo bem da comunidade!

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