domingo, 15 de março de 2009

Nascemos "homens velhos" e devemos nos tornar "homens novos"


Radio Vaticano
O pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, fez nesta sexta-feira, 13, na Capela Redemptoris Mater da residência pontifícia vaticana, a primeira pregação das sextas-feiras desta Quaresma, na presença do Papa Bento XVI e da Cúria Romana. O frei capuchinho partiu das palavras da carta de São Paulo aos Romanos: "A criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente".

Partindo daí, o pregador da Casa Pontifícia desenvolveu a sua reflexão à luz das teorias evolucionistas, tendo como pano de fundo o bicentenário do nascimento de Charles Darwin. Para o apóstolo São Paulo, "Deus está no início e no fim da história do mundo; conduz o mundo misteriosamente a um fim, fazendo servir a esse fim também os ímpetos da liberdade humana".

"É a tese do desígnio inteligente contraposta àqueles que defendem que o cosmo se evolui arbitrariamente, desprovido de uma inteligência ordenadora. Uma teoria que a ciência poderia lançar se pudesse explicar tudo sozinha, mas não é assim", afirmou Frei Cantalamessa."

Se percorrermos a história do mundo de traz para frente, como se folheia um livro começando da última página, chegando ao fim, nos damos conta de que é como se faltasse a primeira página, o incipit (a introdução do texto). Sabemos tudo do mundo, exceto porquê e como começou. O fiel tem a convicção de que a Bíblia nos dá justamente essa página inicial que falta, nela, como na capa de todo livro, está indicado o nome do autor e o título da obra"!

"Uma analogia pode nos ajudar a conciliar a nossa fé na existência de um desígnio inteligente de Deus sobre o mundo com a aparente causalidade e imprevisibilidade evidenciada por Darwin e pela ciência atual", prosseguiu Frei Cantalamessa. "Trata-se da relação entre graça e liberdade", acrescentou."

Como no campo do espírito a graça deixa espaço à imprevisibilidade da liberdade humana e age também através dela, do mesmo modo, no campo físico e biológico tudo é confiado ao jogo das segundas causas (a luta pela sobrevivência das espécies segundo Darwin, a casualidade e a necessidade segundo Monod), embora esse jogo seja previsto e assumido pela providência de Deus. Num caso e no outro, Deus, como diz o provérbio, escreve certo por linhas tortas."

"A criação é obra do Espírito Santo" que aperfeiçoa as coisas, as faz passar do caos à ordem. Isso acontece também no homem, pequeno cosmo, afirmou o religioso franciscano."

O Espírito Santo é aquele que faz cada um de nós passar do caos ao cosmo: da desordem, da confusão e do desespero, à ordem, à unidade e à beleza. Aquela beleza que consiste no ser conformado à vontade de Deus e à imagem de Cristo, no passar do homem velho ao homem novo. Nós nascemos 'homens velhos' e devemos nos tornar 'homens novos'. Toda a vida, não somente a adolescência, é uma 'idade evolutiva'! Segundo o Evangelho, não se nasce criança, se torna! A Quaresma é o tempo ideal para nos aplicar a esse rejuvenescimento. O Espírito Santo é a alma dessa renovação e desse rejuvenescimento."

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